terça-feira, 14 de abril de 2009

Professor-Nordeste-Brasil; Século XXI?

É difícil acreditar que em pleno século XXI, algumas áreas mais remotas do nordeste brasileiro ainda vivam com ares do século retrasado. A falta de serviços básicos como abastecimento d'água serve bem pra ilustrar isto. Contudo, nas capitais, boas partes das modernidades do século XXI já chegaram — pelo menos pra quem pode pagar.
A realidade daqueles que se aventuram a lecionar ciências naturais ou matemática mimetiza esta disparidade. Nas capitais, podem encontrar escolas de ponta e preparar os alunos para concursos como I.M.E. ou I.T.A., nos interiores haverão escolas públicas sucateadas, corpo discente negligenciado pelas autoridades e, em sua grande parte, analfabeto funcional.
Ser professor no nordeste do século XXI significa ter uma energia revolucionária para levar luz às trevas nas localidades rurais ou acirrar a competição nas escolas de excelência e cursinhos "da moda" à busca de índices de aprovação. Significa estar preparado a levar conhecimento aos extremos sociais e todos os seus gradientes quais constituem a realidade do nordeste brasileiro.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Indiferença médica *

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Os profissionais de saúde, em particular os médicos, tem que lidar com o "desafio da derrota" a todo momento. A derrota como a incapacidade de efetivamente "tratar", é uma ótima lição da efemeridade e impotência sobre os acontecimentos da vida; desvela as imperfeições humanas e mutila a ilusão do controle. O problema é que se a vida é um jogo, as cartas nem sempre estão ao nosso favor e é fato que, no final, a casa sempre "ganha". O sofrimento vem da falta de aceitação dos próprios limites, do Eu e suas (in)capacidades. A verdadeira derrota é banalizar a vida a calhamaços de papel, prontuários, números, índices... e a vitória é aceitar as próprias incapacidades sem, no entanto, tornar-se dependente do ópio da indiferença.
A indiferença é o droga dos derrotados: anestesia os sentimentos e banaliza o Outro.



*Inspirado por um relato da dra. Rafaela G.